…Caverna d'Zion…

Cabresto gospel numa abordagem científica

Posted in Artigos Pessoais by Segundo on julho 20, 2010

Dentre várias leituras que tive que fazer no decorrer do meu curso de Serviço Social e mais precisamente as leituras que tive que fazer para a monografia, teve uma, em particular, que quero compartilha com os leitores do blog. É uma artigo acadêmico de Suene dos Santos de Almeida (não a conheço) com o título:
Um olhar Sobre o Assistencialismo e o Corporativismo na Política Evangélica, para acesso ao texto integra click
AQUI.

Segue alguns trechos do artigo:

Aponta para o crescimento numérico dos fiéis deste segmento evangélico e o aumento significativo de seu poder político nas últimas décadas (…) contudo, observa que, de modo geral, “a intermediação da liderança religiosa se articula com a pouca informação e envolvimento político dos fiéis, facilitando a conquista dos votos dos membros das denominações religiosas”, e que o “lançamento de candidaturas tem sido um recurso recorrente para a transferência da influência religiosa para a esfera política”. Nesse sentido, a recorrência de um discurso que apela aos princípios éticos e morais para valorizar o pertencimento religioso, aliado a uma postura de denúncia ao oportunismo e à corrupção, é um aspecto que marca candidaturas e mandatos dos políticos pentecostais. A utilização do cargo eclesiástico como recurso para a garantia dos votos se apresentaria, por sua vez, como estratégia que cumpre um duplo papel: “sinalizaria que o candidato compartilha do ethos e da visão de mundo do grupo evangélico para o qual a campanha foi dirigida, mas também destacaria a autoridade do especialista do sagrado”.

Aliado à estratégia de utilização do cargo eclesiástico, o corporativismo que caracteriza a relação entre os políticos evangélicos e suas respectivas denominações, e se estende, relativamente, à comunidade evangélica de modo geral, é um elemento fundamental na análise do caráter fluido da relação entre religião e política no país, pois revela uma conjunção de interesses diversos, interesses pessoais dos políticos em relação à sua carreira, aos seus ideais e projetos e dos eleitores em relação, igualmente, aos seus ideais, projetos e necessidades – e interesses institucionais – dos partidos em relação à sua orientação política, sua busca por projeção, suas estratégias para a formação de alianças etc., bem como das igrejas em relação a estes mesmos pontos e, em última instância, em relação à projeção também no campo religioso.

Outro aspecto fundamental desse “modelo” de atuação política evangélica na esfera pública abordado pela autora diz respeito à presença majoritária dos políticos evangélicos no poder Legislativo, que se explica não só pelo interesse destes sujeitos em defender a liberdade religiosa mas, principalmente, em “estender sua capacidade de regulação e controle aos indivíduos não pertencentes ao seu grupo confessional”(:116). Percebe-se que, além do corporativismo presente nos projetos de lei apresentados pelos políticos evangélicos analisados durante seu mandato, está explícita uma proposta de atuação que investe na moralização da população. E, nesse sentido, ao político evangélico não interessa apenas atender sua “clientela”, mas também incorporar o papel de representante de uma visão de mundo que preza pelo bem e deseja construir o bem comum. Mais ainda, o político evangélico se apresenta como representante “do bem” para o interior de seu grupo e para os “de fora”, que não partilham de sua visão de mundo, sendo, dessa forma, sua representatividade encarada como legítima por eleitores dos mais diversos setores da sociedade.

Nem preciso dizer nada!!!